“Não existe isso de mulher virar homem. Eu já era um homem no corpo de mulher.” É assim, com firmeza, determinação e, sobretudo, coragem que o educador físico Alexandre Emanuel expõe seu rosto, nome e história. Avisa logo que a mudança de sexo não se trata de um sonho ou de uma escolha. Mas de “uma necessidade física e psicológica”.
Graças ao uso de hormônios, a voz já é de homem, a barba, os pelos. Em cirurgias anteriores, tirou mama, útero e ovário. Mudou de nome e de gênero na certidão de nascimento. Faltava o final, o que faz um homem se sentir um homem por inteiro.
Na semana passada, Alexandre Emanuel obteve uma autorização inédita na Justiça de Pernambuco. Conseguiu que o Estado seja obrigado a pagar a cirurgia de mudança de sexo que fará no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. A operação será o próximo capítulo – que ele espera seja o derradeiro – de uma luta que já soma 13 anos, quando, pela primeira vez, tomou a decisão de buscar ajuda médica.
Aos 45 anos, Alexandre diz que só quer o direito de ser o que ele sempre foi: homem. As informações são do Jornal do Commercio, de Recife.
“Sempre me senti como se estivesse mentindo para as pessoas. Tinha medo da rejeição, da reprovação dos amigos, da família. O grande problema do nosso mundo é o preconceito. Mas não há vergonha em ser quem você é” – diz ele.
Metoidioplastia
Não se trata de um implante. A cirurgia de nome difícil, metoidioplastia, consiste em aumentar o clitóris com tratamento hormonal e construir um canal ligado à uretra. O novo pênis terá as mesmas funções de um pênis normal – relata o jornal recifense.
Em Pernambuco, essa cirurgia ainda não é feita. O juiz Marcos Vinícius Nonato, da 4ª Vara da Fazenda Estadual, não demorou mais que 24 horas para estudar o caso e dar sua decisão em antecipação de tutela.
A ação ajuizada pela Defensoria Pública entrou num dia, no outro a liminar estava concedida. “Ele já tem todas as características masculinas, mudou o nome, fez as cirurgias anteriores, tirou seios e útero. Só faltava a parte peniana. Não há motivo para prolongar esse sofrimento. É uma situação que exige uma resposta imediata” – escreve o juiz na decisão.
Alexandre Emanuel também se surpreendeu com a rapidez da Justiça. Em seguida, ele resollveu quebrar o silêncio e o anonimato. Desde 1999, quando procurou o serviço do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco para realizar a mudança de sexo, fizera tudo sem alarde.
Em 2007, conseguiu mudar o nome de registro de nascimento. A antiga identidade, Alexandre prefere não revelar. Mudou de sexo no papel. Agora quer o resto.
FONTE: Fonte: Espaço Vital*www.espacovital.com.br